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Silvestre

Instalação multimédia sobre os silvados e os animais que neles se abrigam.
 
Conceção e direção artística de Bruno Caracol.
 
2022

Silvestre anda à volta dos matos de silva e dos animais que neles encontram abrigo, explorando as flutuações no uso do território entre humanos e outros seres, partindo da Serra do Monfurado e das suas antigas explorações mineiras.
 
É uma recolha vestígios (dentes, espinhos, entre outros), digitalizando-os através de fotogrametria para depois os imprimir em escala ampliada em cerâmica.
 
É também uma recolha de vestígios sonoros da passagem destes seres, como forma de aproximação a lugares concretos (uma clareira, um ponto de água, a passagem estreita entre os matos) e a que representações estão sujeitos. 

Em Walking, Henry David Thoreau descreve o desafio que os pântanos apresentam para a tarefa topográfica, apresentando-os como territórios exemplarmente «selvagens», que resistem à dominação humana. No clima mediterrânico, esse lugar é dos matos impenetráveis geralmente dominados pela amora silvestre, a silva.

Tudo se tornará um silvado, basta que nos ausentemos. Nesses matos espinhosos encontram refúgio os animais sem lugar na gestão humana do território, habitando as suas periferias e alimentando-se dos seus excedentes. Os roedores e os seus predadores, os javalis e os saca-rabos, uma série de animais não propriamente selvagens, nem certamente domésticos. É pelos espinhos, pelas unhas, pelos dentes, que nos aproximamos deles.

Silvestre recolhe vestígios, observa-os, digitaliza-os. Imprime-os em cerâmica e estuda as propriedades sonoras destas novas configurações, habitando-as com frequências e paisagens sonoras recolhidas nos lugares onde foram recolhidos.
Silvestre foi, entre muitas coisas, uma instalação sonora no Atelier Concorde e uma oficina no Teatro de Portalegre. Esteve em residência de criação nas Oficinas do Convento, em Montemor-o-Novo.

Bruno Caracol estudou Artes Plásticas na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e Ciências da Comunicação na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – NOVA. Tem dedicado os últimos anos a trabalhar a partir de objetos ressonantes, de futuros ficcionais e da relação com o mundo não-humano.

Criação: Bruno Caracol
Apoio técnico: Maurício Martins, Tiago Fróis
Comunicação: Marta Rema
Parcerias: Oficinas do Convento, MILL, Artéria Lab, Atelier Concorde, Um Coletivo
Parceiros media: Antena 2, Buala, Coffeepaste
Apoio: Direção-Geral das Artes / República Portuguesa
Organização: efabula