Conceção, investigação e direção artística de Bruno Caracol.
2024-25
Os territórios onde os lobos se estabelecem encontram-se em disputa por projetos energéticos e de mineração. O Barroso, em particular, viu os topos das suas serras serem tomados por parques eólicos que, ao estabelecerem-se, cortam os topos de serra, antes inacessíveis, com vias de acesso aos geradores. Decorrem, entretanto, trabalhos de prospeção para a mineração de lítio, alguns deles em terrenos de baldios comunitários, contra a vontade das populações. Nas últimas décadas assistimos, ainda assim, a um regresso dos lobos às serras portuguesas, onde o trabalho da conservação vai tomando o lugar de uma oposição ancestral, ao mesmo tempo material e simbólica.
Com conceção e direção artística de Bruno Caracol, Ver como um lobo parte da relação entre corpos de lobos e corpos humanos, dos usos dados pela medicina popular a órgãos de lobos (goelas, olhos, ossos) conservados, das imagens das caçadas, aos modelos de previsão de comportamento e de gestão de população usados pela Biologia. Este é um projeto de recolha e reprodução de relíquias de lobos, manipulação de imagens de caçadas, recolha de mapas dos movimentos das populações lupinas e a construção de uma paisagem sonora, que resulta numa instalação multimédia.