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Sarar

De Sara Goulart
Com Ana Rita Teodoro, Fernando Ramalho, Luísa Homem e Zé Rui
 
DeVIR/CAPa (Faro), 22 e 23 de outubro 2021
TBA (Lisboa), 30 de outubro 2021

Sarar é sobre um lugar de vulnerabilidade onde todos podemos encontrar-nos um dia. O corpo produz uma doença e a doença produz um novo corpo. A cura também produz um corpo. De corpo em corpo, não se pára para estar doente, o mundo continua a girar.

Como se organiza a vida quando a doença nos entra pela porta da frente? Sarar é uma conferência performance sobre a experiência radical do corpo na doença e na cura. Trata o processo em que este se confronta com uma nova realidade, altera o seu modo de estar, se ajusta ao novo ser, reaprende e é reaprendido. Sarar é íntimo e público, privado e coletivo, fala do trauma e do inesperado. Em Sarar, o texto convoca gesto, imagem, som e luz para explorar os novos estados e tempos do corpo, os discursos sobre a pessoa doente e descobrir invisibilidades.

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É um espetáculo profundamente biográfico: um diagnóstico de cancro leva Sara Goulart a interrogar-se sobre o processo de doença e de cura. Sarar é sobre a lesão da identidade e a sua reconstrução. É sobre amor.

©João Almeida

“Num dia particularmente quente de abril de 2017, ao chegar a casa depois de dois dias fora, despi-me para ficar mais confortável. Há um gesto habitual que repito todos os dias ao libertar-me do soutien: depois de o desapertar e de o soltar dos ombros, passo as mãos nos seios nos sítios onde os elásticos estiveram, massajando ligeiramente. É um gesto rápido, seco e mecanizado e relacionado com uma sensação de alívio. Naquele dia, porém, o movimento deixou-me alerta e ansiosa.”

 
 
 
 
Sarar é sobre choque, amor incondicional, festa, psicadelismo, hiperatividade e o escrutínio e análise do corpo.

©João Almeida

©João Almeida

“Quando a Sara nasceu, mais ano menos ano, Susan Sontag publicou o ensaio A doença como metáfora – que em Portugal partilha a capa com um outro: A Sida e as suas metáforas. Li os dois textos em 2020, pouco depois de declarada a pandemia Covid 19, este diagnóstico-sentença de que nos vamos ora livrando ora aprendendo a viver. Lembrei-me do discurso de Sontag enquanto assisti ao ensaio de Sarar, há dias, no Centro Cultural da Malaposta. Não decorei citações nem trouxe o livro para a viagem de onde escrevo agora, com a luz desses textos, como um sinal de emergência num quarto onde não costumamos dormir. A silhueta de uma pessoa que corre e uma seta a indicar o caminho que nos tira dali.”
 
Artigo de Margarida Ferra, para ler no Buala.

 
 
SARA GOULART estudou Literatura, Estudos sobre mulheres, Guionismo para cinema. É produtora, mediadora cultural, ativista e escritora. Foi curadora das exposições Viveiro, de Júlia Barata e Tochas, de Vasco Célio. Fez a produção dos percursos performativos Partituras para ir e A cada passo uma constelação, de Joana Braga, integrados no programa Matéria para escavação futura. Sarar é a sua primeira criação artística.

 
 
Conceção, texto e direção artística: Sara Goulart
Apoio coreográfico: Ana Rita Teodoro
Desenho de som: Fernando Ramalho
Cenografia audiovisual: Luísa Homem
Desenho de luz: Zé Rui
Produção: Ana Lobato
Comunicação: Marta Rema
Design gráfico: Ana Teresa Ascensão
Fotografia: João Almeida e Vasco Célio

 
 
Apoios: c.e.m – centro em movimento, DeVIR/CAPa, Buala, Terratreme, Malaposta
Apresentações: DeVIR/CAPa (Faro); TBA (Lisboa)
Coprodução TBA
Financiamento: Direção-Geral das Artes / República Portuguesa – Cultura
Organização: efabula