O corpo por vir
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Conferências, conversa, oficina, exposições, performance, caderno de bordo.
Com Ana Mira, Ana Teresa Ascensão, Clara Saraiva, Gisela Casimiro, Gonçalo Alegria, Gonçalo M. Tavares, João Tavares, Lander Patrick, Marta de Menezes, Pedro Machado, Sara Morgado Santos e Sílvia Pinto Coelho.
Direção artística de Joana Braga e Andreia Páscoa.
Maio a dezembro de 2021.
O corpo por vir aborda o problema do corpo a partir de múltiplas perspetivas, procurando potenciar cruzamentos disciplinares e abordagens críticas. Com a participação de artistas visuais, escritores, performers e coreógrafas e investigadores das humanidades, ciências sociais e naturais, O corpo por vir procurou criar momentos de reflexão e discussão de entendimentos e vivências do corpo, bem como espaço para pensar o seu porvir.
Não são recentes as preocupações de diferentes áreas do conhecimento em relação a questões que envolvem o corpo, a sua problematização nas práticas artísticas também tem uma longa história. A pandemia que assolou os corpos de cada um de nós e todo o corpo social, relembra-nos a urgência de voltar ao debate sobre o corpo, contudo, a necessidade desse debate tem vindo a adensar-se desde há muito. Em 1966, Foucault dedicou uma conferência radiofónica ao problema que o corpo é: “o pequeno fragmento de espaço com o qual, no sentido estrito, faço corpo”. É por meio do corpo que sentimos e percebemos o mundo, é “através [do corpo] que será preciso falar, olhar, ser olhado; sob esta pele, deteriorar”, é a partir dele que nos movimentamos, que sonhamos, que imaginamos. O corpo é casa, é abrigo, é abertura, é afetável ao mesmo tempo que é lugar de incerteza, de vulnerabilidade. Por isso o corpo tem sido assediado por intervenções de todo o género: “flexibilização no trabalho, aperfeiçoamento genético, embelezamento cirúrgico, ameaça de doença e de epidemias, (…) pulverizado por imagens, transmitido à distância pela telemática, explorado pelas artes”, como escreve José Bragança de Miranda (2017, 83), e também domesticado pela medicalização crescente, os seus movimentos regulados por decisão política, penetrado pela técnica e prolongado em sucessivas próteses técnicas.
Num momento em que epidemias, o capitalismo e a crise ambiental ameaçam todas as formas de vida, é fundamental interrogar como as diferenças e a vulnerabilidade dos nossos corpos são capturadas em categorias estruturantes das relações sociais, criando estigmas que moldam percepções normativas. Como é que esta mesma vulnerabilidade implica inevitavelmente a interdependência das nossas existências. Quais são as coreografias de hoje de solidariedade e cuidado? Contágio, utopia, migrações, morte, cura, toque, feminismo, nudez, negociação, técnica, são temas que nos podem ajudar a repensar uma corporalidade nova através de novos sistemas de interações e espacialidade.
Conferências e debate
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Quando o distanciamento social transcende a metáfora, tornando-se uma realidade corporal, somos inevitavelmente forçados a acostumar-nos a novas constelações de corpos e espaços. O corpo permanece uma das questões mais desafiantes da vida contemporânea, numa era de uso recorde de antidepressivos, aconselhamento nutricional e aplicações de saúde e fitness, mas também de posicionamento contra a patologização de identidades transgénero, de condenação de ações e linguagem associadas à racialização dos corpos e de eclosão da emergência pandémica.
De que forma a apreensão das diferenças e formas de vulnerabilidade dos corpos em categorias tem vindo a criar estigmas e preconceitos e a estruturar o exercício de relações de poder? Poderá a situação que expõe a fragilidade comum a todos os corpos, vulneráveis ao contágio, activar novas coreografias de solidariedade e políticas de cuidado partilhado?
Foram convidados Ana Mira (dança/filosofia), Clara Saraiva (antropologia), Gisela Casimiro (literatura/artes visuais), Gonçalo M. Tavares (literatura), João Tavares (psiquiatria), Pedro Machado (astrofísica) e Sílvia Pinto Coelho (dança/ciências da comunicação). Devido a constrangimentos resultantes da situação de pandemia, assumiu um formato diferente do planeado, desdobrando-se num conjunto de vídeos que incluem as apresentações áudio das convidadas e convidados, disponíveis no microsite Que corpo vem aí?, e numa conversa online, realizada no dia 19 de maio de 2021, entre público e convidados, moderada por Marta Rema, na qual se debateram as diversas abordagens ao problema que o corpo é.
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Fotograma de "Le Moindre Geste", de Jean-Pierre Daniel, Fernand Deligny, Josée Manenti sobre o trabalho de Deligny.
O traço em gestos mínimos
Ana Mira
Se o fio do atacador do sapato não for atado nem desatado e permanecer solto, vibra nas mãos, cria sonoridades e segue um trilho, vaguear com Yves — o adolescente no filme Le Moindre Geste, de Fernand Deligny, Josée Manenti e Jean-Pierre Daniel (1971-), e Deligny, que seguiu o rastro dessa trama no seu texto O aracniano (2015). O traço em gestos mínimos procura refletir sobre as formas de existência que se anteveem naquele entorno entre os seres, os objetos e o meio envolvente.
ANA MIRA leciona na Escola Superior de Teatro e Cinema – Instituto Politécnico de Lisboa e no Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, nas áreas do corpo, movimento e dança, e da filosofia e estética. Estudou práticas somáticas e dança contemporânea na Europa e nos Estados Unidos, e completou o seu doutoramento em Filosofia/Estética, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade NOVA de Lisboa (2014) sob orientação do filósofo José Gil.
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©Clara Saraiva
Six feet under or celebrations of death?
Clara Saraiva
O que é o corpo morto enquanto ícone cultural? Uma viagem de reflexão antropológica pelos múltiplos simbolismos e manipulações dos despojos humanos, desde a purificação do corpo nos Estados Unidos ao embrulhamento dos cadáveres na Guiné-Bissau, passando pelos rituais católicos do universo português. As duas imagens, a representação de uma língua humana no processo post-mortem, e um corpo embrulhado em panos, fazendo lembrar o boneco Michelin dos pneus, servem de mote para o debate.
CLARA SARAIVA (PhD 1999), é antropóloga, Investigadora do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde coordena o Grupo de Investigação Cidadania, Cosmopolitanismo Crítico, Modernidade e (Pós) colonialismo. É docente do programa de doutoramento em Antropologia da Universidade de Lisboa. Foi professora convidada na Universidade da Califórnia Berkeley e na Brown University. É Presidente da Associação de Antropologia Portuguesa.
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©Gisela Casimiro
Delivery – O Parto
Gisela Casimiro
Delivery é o termo em inglês para entrega, mas também para parto. O tempo pandémico foi um tempo de emergência, expetativa, espera e esperança. Numa altura em que tivemos de manter as distâncias, mas ficámos mais do que nunca dependentes de quem não podia estar em casa, o corpo por vir é também o dos estranhos a quem confiamos a nossa comida e as nossas, as novas vidas. Uma reflexão com a barriga ao centro.
GISELA CASIMIRO é escritora, artista e ativista. Publicou Erosão (Urutau, 2018) e fez parte de antologias como Rio das Pérolas (Ipsis Verbis, 2020), Venceremos! Discursos escolhidos de Thomas Sankara (Falas Afrikanas, 2020) e As Penélopes (Bairro dos Livros, 2021). Assinou crónicas no Hoje Macau, Buala e Contemporânea. Participou em exposições no Armário, Zé dos Bois, Balcony e Museu Nacional de Etnologia. Dirige o departamento de Cultura do INMUNE.
Que corpo vem aí?
Gonçalo Tavares
Os vários corpos possíveis depois da epidemia. O corpo-Bunker. O corpo-festa, o corpo-sagrado, o corpo-ecrã, o corpo-presença. A nova presença depois da pandemia. A presença e o brilho. O depois da pandemia será o antes da pandemia ou o depois da pandemia será o depois da pandemia? Não sabemos, mas uma das respostas possíveis é um desapontamento e a outra resposta é bem perigosa. O que virá depois da pandemia? Uma grande desilusão ou um grande perigo.
GONÇALO M. TAVARES é escritor. Publicou livros em diferentes géneros literários, traduzidos em mais de 50 países, que receberam vários prémios em Portugal e no estrangeiro, e deram origem a peças de teatro, dança, peças radiofónicas, curtas-metragens e objetos de artes plásticas, dança, vídeos de arte, ópera, performances, projetos de arquitetura, teses académicas, etc. Recebeu o prémio Vergílio Ferreira 2017 pelo conjunto da sua obra.
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"An early blood transfusion from lamb to human", Wikicommons, Wellcome Images.
Corpo por Vir
João Tavares
Tem-me interessado na história da esquizofrenia, a forma como a construção de conhecimento usa muitas vezes metáforas que ficam nas entrelinhas das práticas e que transportam através do tempo elementos diferenciados e, por vezes, inesperados, desde valores a maneiras de pensar. As relações entre o sangue e a saúde mental, são um exemplo disto.
JOÃO TAVARES é licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa. Realizou o internato de especialidade em psiquiatria no Hospital Júlio de Matos. Atualmente exerce no Hospital Reynaldo dos Santos – Vila Franca de Xira. Na Universidade Nova de Lisboa, em co-tutela com o Institut des Humanités en Médecine de Lausanne, constrói a sua tese de doutoramento sobre este peculiar cruzamento entre o corpo e a mente que é a História da psicofarmacologia recente.
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A pulsão pelo infinito
Pedro Machado
Como se desdobra a consciência quando o corpo é alvo de sucessivas extensões e prolongamentos? Como vamos procurar outras formas de vida no Cosmos se estamos tão conectados com arquétipos antropocêntricos, se estamos tão treinados a reconhecer padrões pré-existentes na nossa matriz cultural?
PEDRO MACHADO tem atividade principal nas ciências planetárias, no estudo da dinâmica atmosférica dos planetas do Sistema Solar. Doutorou-se em 2013, no Observatório de Paris e Universidade de Lisboa, com tese sobre a dinâmica da atmosfera de Vénus. Colabora com a missão espacial Akatsuki, fez parte da missão espacial Venus Express ESA, e é o atual representante em Portugal do consórcio europeu da missão espacial ARIEL da ESA, cujo principal objetivo é a caracterização das atmosferas de exoplanetas.
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©Sílvia Pinto Coelho
Dançar-Pensar, para um pensamento
incorporado, imanente, ou…
Sobre a marioneta que é o corpo, quando dizemos «corpo» e nos referimos ao corpo humano, sem que a pessoa lá esteja
Sílvia Pinto Coelho
A palavra corpo tem uma complexidade que não consigo resolver. Quando dizemos «o nosso corpo» referimo-nos a um fractal de «nós»? Para imaginar «o corpo» há que desincorporar, fazer um exercício de espelhamento, de reflexão. Colocar uma imagem de corpo à nossa frente, fora de um eu integrado, e dirigirmo-nos a ele — este «meu» corpo…
SÍLVIA PINTO COELHO é coreógrafa e investigadora integrada no ICNOVA – FCSH (CEEC-FCT), onde trabalha no seu projeto pós-doutoral sobre Atenção e Pensamento Coreográfico. Dirige a revista online INTERACT com Luís Mendonça. É doutorada e mestre em Ciências da Comunicação, licenciada em Antropologia e bacharel em Dança. Frequenta o c.e.m. desde 1994, faz o CIDC do Forum Dança (Lisboa 1997-99) e frequenta a Tanzfabrik (Berlim 2002-05).
Máquina-Olho-Mão
Sara Morgado Santos
Espaços domésticos em Lisboa, Porto e Coimbra
De outubro a dezembro de 2021
Com Máquina-Olho-Mão, Sara Morgado Santos ensaia formas de mostrar e experimentar um objecto de arte, procurando outras condições de partilha e pondo em perspetiva a dinâmica produção-exibição-distribuição. A obra é composta por dois objetos, um pequeno projetor e um flipbook que funcionam também como espaço onde outros objetos podem ser apresentados. Através dela fala-se do corpo como movimento e duração, da forma como a repetição de um dado movimento — afinal, um ano é o caminho que a terra faz repetidamente em torno do sol — vai desvelando a própria experiência de duração.
Ao «emprestar» estes objetos de arte para exposições temporárias em casas particulares, em circuitos artísticos e não-artísticos, amplia-se a ideia de experiência do objeto de arte, testando a sua natureza artística em ambiente doméstico, onde pôde ser usado. Entre outubro e dezembro de 2021, Máquina-Olho-Mão circulou por casas particulares, onde foi ‘instalada’ e documentada.
SARA MORGADO SANTOS, artista plástica, vive e trabalha em Lisboa. Estudou artes visuais (ESTGAD, Caldas da Rainha), cinema (FCSH, Lisboa), cenografia e performance (A.PASS, Bruxelas) e atualmente frequenta o programa de doutoramento em Arte dos Media, na Universidade Lusófona de Lisboa. Desde sempre envolvida em colaborações com outros artistas, formou em 2005 o coletivo Pizz Buin (com Vanda Madureira, Rosa Baptista e Irene Loureiro), do qual se destaca o projeto CASA, (Prémios EDP Novos Artistas, 2007). Em 2017, criou o “Laboratório de Ciências Suspeitas” com a artista Soraya Vasconcelos, que resultou na exposição Estação Vernadsky, em Sines e Lisboa, no mesmo ano. Em 2012, com o artista Gonçalo Pena, desenvolveu “deus ex-machina”— projeto para uma escola de cinema —, que teve lugar na ZDB. Em 2016 organizou o seminário de vídeo arte “The material in the immaterial” com a artista Anne Marthe Dyvi (Bergen Senter for Elektronisk Kunst, em Bergen). Em 2017 criou, programou e produziu, na mesma cidade, os projetos “Shot Reverse Shot” e “Walla Walla Valhalla”, em colaboração com o artista Hans Van Wambeke. Mantém atividade como artista com ênfase na imagem em movimento e cenografia, participando regularmente em exposições, festivais e outros eventos.
Paired Immunity
De Marta de Menezes
Exposição online
De novembro 2021 a março de 2022
Paired Immunity é o projeto expositivo online que resulta da colaboração entre Marta de Menezes e o seu companheiro, o imunologista Luís Graça. Immortality for two e Anti-Marta, duas obras que compõem este projeto, exploram os limites da individualidade humana numa sociedade cada vez mais alicerçada na biotecnologia. O projeto integrou também uma terceira obra em desenvolvimento, Tolerance. Esta série representa a relação entre a artista e o cientista, mas também os limites da nossa própria identidade e a fronteira entre a arte e a ciência. Marta e Luís, artista e imunologista, partilham um pacto de vida: companheiros, casados, unidos.
Em articulação estreita com a exposição da artista na galeria Art Laboratory Berlin, Paired Immunity — curadoria de Regine Rapp e Christian de Lutz, financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian —, este projeto com o mesmo nome, apresentou as primeiras trocas de ideias, discussões e reflexões em torno de Tolerance, o novo trabalho de Marta de Menezes: uma tentativa de alcançar a coexistência in vitro das linhas celulares imortais dela e do Luís.
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©Georg Oberweger
MARTA DE MENEZES (1975), artista e curadora; licenciada em Belas Artes pela Universidade de Lisboa, Mestre pela Universidade de Oxford. Tem trabalhado na intersecção da arte com a biologia desde o final dos anos 90, no Reino Unido, Austrália, Holanda e Portugal, explorando as possibilidades conceptuais e estéticas oferecidas pelas ciências biológicas para a representação visual na arte. Menezes é diretora da Cultivamos Cultura, instituição dedicada à arte experimental em Portugal, e da Ectopia, associação empenhada em promover a colaboração entre artistas e cientistas. O seu trabalho tem sido apresentado na maioria das antologias dedicadas à bioarte, discutido em teses de doutoramento e considerado um exemplo de pesquisa em artes visuais. De entre as mais recentes exposições internacionais, destaca-se Out of the Box: Festival Ars Electronica 2019. Marta de Menezes foi convidada a representar Portugal na London Design Biennale 2016 e expôs na Bienal de New Media Art de Pequim 2016. Foi nomeada pelas revistas Time e Fortune para os Art and Technology Awards 2015. Paralelamente à sua prática artística, Marta de Menezes foi curadora de exposições internacionais, das quais se destacam a Capital Europeia da Cultura (Portugal), Festival Kontejner (Zagreb), Fundação Verbeke (Bélgica) e três edições do FACTT – Festival Transnacional e Transdisciplinar de Arte e Ciência (Lisboa, Nova Iorque, Cidade do México, Berlim e Toronto).
Boa Nova
De Lander Patrick
Instalação performativa
Convento de São Pedro de Alcântara
20 e 21 novembro de 2021
Um complexo de telefones caseiros constrói uma malha de comunicação que convida a interações inéditas com o outro. Num tempo em que a comunicação em rede é encabeçada por algoritmos que emparelham pessoas por afinidade e as encerram em bolhas de semelhantes, em Boa Nova o outro é o outro, é um corte na bolha, o outro é a boa nova. Quanto tempo seria preciso estarem em linha duas pessoas, de forma a que deixassem de ser estranhas uma à outra? Que tipo de vínculos poderiam materializar?
Desde a partilha da intimidade ao relato de histórias que nos transformaram, de impressões políticas a cantorias, de flirt às nossas visões para salvar o mundo, em Boa Nova recupera-se o entusiasmo pelo outro descontextualizado, o outro sem referências, o outro como potência transformadora. A instalação Boa Nova, feita de telefones caseiros com copos de iogurte associados a etiquetas de conversação, ligou os corredores dos dois pisos do claustro do Convento de São Pedro de Alcântara, possibilitando a quem a experimentou conversar com pessoas que não conhecia, partilhando memórias, referências, ideias e sonhos.
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©Manuel Martins
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©Manuel Martins
LANDER PATRICK é um artista brasileiro. Mudou-se para Portugal em 1989, ano do seu nascimento. Jogou voleibol, mas acabou por se formar em dança. Lander trabalhou em todo o mundo com pessoas que admira, tais como Luís Guerra, Tomaz Simatovic, Marlene Monteiro Freitas, Alejandro Ahmed, Margarida Bettencourt, Jonas Lopes, entre outros. Depois de ganhar dois prémios em coreografia — 1º prémio no Festival Koreografskih Minijatura (Sérvia) para Noodles Never Break When Boiled e 2º prémio no Concurso Internacional No Ballet Choreography (Alemanha) para Cascas d’OvO (“Eggshells”) — encontrou a motivação para trabalhar no campo da criação coreográfica e não num call center. Cascas d’OvO foi selecionada para a Aerowaves Priority Company 2014 e o seu trabalho foi apresentado em Portugal, Itália, Suécia, EUA, Alemanha, Brasil, França, Inglaterra, Espanha, Sérvia, Polónia, Suíça, etc.
Corpúsculos Estranhos
De Gonçalo Alegria
Latoaria
28 a 30 dezembro de 2021
Corpúsculos Estranhos desenvolveu-se sob o signo da gaveta, usando-a como imagem e como um início quebra-gelo. Trata-se de uma reflexão sobre o passeio, sobre o que se recolhe e coloca no bolso vindo da rua, de uma ideia a um pedaço de metal. Como as capturas da gralha. É por meio de corpos pequenos descobertos que se constrói um universo de possibilidades. Gonçalo Alegria encontrou-se com uma série de convidados num diálogo em torno das relações que estabelecemos com as coisas, de memórias a experiências, fazendo uma recolha dos materiais que foram encontrando.
Com estes novos corpúsculos formou-se um organismo maior, contido numa gaveta. As gavetas sem categoria são o sítio para onde as coisas que não têm lugar são atiradas, para o seu esquecimento pesado. Partindo dos materiais guardados na gaveta temporária, fossem eles objetos ou a captura de conversas com os convidados, Gonçalo Alegria construiu uma nova gaveta em forma de shadow box, num processo de trabalho aberto ao público.
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©João Ferro Martins
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©João Ferro Martins
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©João Ferro Martins